Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) do Subúrbio de Salvador e os impactos que serão causados no município de Simões Filho foi o tema da Audiência Pública promovida pelo presidente do Poder Legislativo, vereador Eri Costa (MDB), realizada na manhã desta quarta-feira (30), no plenário da Câmara.
“Essa audiência foi feita às pressas devido à urgência e à grande complexidade que o assunto exige, pois impacta diretamente os moradores da Ilha de São João, que possivelmente serão afetados com desapropriações. Esse foi o maior gancho que eu quis trazer porque trata-se de moradias”, comentou Costa.
A realização do debate também teve o objetivo de explicar à população o que está acontecendo no estado, de acordo com ele. “Não vamos permitir que isso passe por Simões Filho despercebido, então é uma forma de incluirmos a Câmara como um sinal de que nós estamos atentos também”, disse.
Um dos principais assuntos abordados foi o significado da sigla VLT. Gilson Vieira, coordenador da Associação Nacional Movimento Trem de Ferro e presidente do Movimento Ver de Trem, explicou que “todas as pessoas ainda falam que VLT é Veículo Leve sobre Trilhos, mas para o governo é Veículo Leve sobre Transporte, que é o monotrilho. Trata-se de um veículo de monovia, que circula em guia elevada de concreto de 12 metros e usa pneu”.
Ele contou ainda que o pneu causa poluição por ser descartado a cada 40 mil km rodados, além de ser um custo maior para implantação e manutenção. “Já a roda do trem dura 10 anos. É necessário rodar mais do que 1 milhão de km para que isso aconteça”, falou.
Neste sentido, Jocival Tibúrcio, integrante da Associação Nacional Movimento Trem de Ferro e presidente da União Bairros de Salvador (Unibairros), enfatizou que é necessário esclarecer que existia um projeto que foi mudado pelo governo estadual. “O governador apresentou um projeto de VLT e na hora de executar, ele apresentou um outra ideia com características e objetivos diferentes. E o pior de tudo isso é que não voltou a consultar a população. Eles teriam o direito, sim, de fazer isso, mas teriam que explicar o motivo de terem mudado e qual a finalidade disso. E aí a gente se depara com a ausência de explicações”, comentou.
Para Tibúrcio, o impacto causado para Simões Filho é de exclusão, “porque à medida em que o governo altera o projeto original de VLT, em que passaria tecnologia via superfície, foi apresentada uma nova ferramenta que não contempla Simões Filho”. E caberia a nós, sabermos se essa tecnologia nos interessa. Quando qualquer governante muda o projeto, ele tem que explicar à sociedade que o governo simplesmente fugiu e foge o tempo todo. Esse assunto mexe com o futuro da gente”, afirmou.
A representante do movimento Trem de Ferro e secretária de Cultura de Alagoinhas, Iraci Gama, defendeu que “queremos trem de verdade. O VLT que foi trabalhado pedido e declarado pelo governador, que faria uma ligação até Dias D’ávila, e depois iria até Alagoinhas, é o que estamos querendo”. Além disso, ela comentou que toda a região do nordeste tem o veículo, “só na Bahia que perdeu a possibilidade de andar de trem. Foi inventado esse tal monotrilho e bota num valor tão alto que vai ser impossível para a comunidade pobre da Bahia pagar. Por tudo isso, não queremos o monotrilho. Que venha o VLT para servir a Salvador e demais cidades”, finalizou.
Além dos vereadores, a audiência também contou com a participação do secretário de Mobilidade Urbana, Jailson Soares; o arquiteto e urbanista apoiador técnico do Movimento Trem de Ferro/Ver de Trem, Carl Hauenschild; o coordenador de articulação social do Movimento Trem de Ferro, Gilbert Bahia e o presidente do conselho comunitário prefeitura-bairro Subúrbio/Ilha, Lázaro Conceição.